Memories of Avalon

Memórias de um lugar perdido no sonho, visão de uma Lua que esconde uma Deusa adormecida...

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Localização: Alcains, Castelo Branco, Portugal

"A terra, o sol, o vento, o mar são a minha biografia e são o meu rosto."

sábado, 25 de novembro de 2006

A Vida

"É vão o amor, o ódio, ou o desdém;
Inútil o desejo e o sentimento...
Lançar um grande amor aos pés de alguém
O mesmo é que lançar flores ao vento!
Todos somos no mundo "Pedro Sem",
Uma alegria é feita dum tormento,
Um riso é sempre um eco dum lamento,
Sabe-se lá um bejo de onde vem!
A mais nobre ilusão morre... desfaz-se...
Uma saudade morta em nós renasce
Que no mesmo momento é já perdida...
Amar-te a vida inteira eu não podia.
A gente esquece sempre o bem de um dia.
Que queres, meu Amor, se é isto a vida!..."
Florbela Espanca

sábado, 18 de novembro de 2006

Fingir que está tudo bem...


"Fingir que está tudo bem: o corpo rasgado e vestido com roupa passada a ferro, rastos de chamas dentro do corpo, gritos desesperados sob as conversas: fingir que está tudo bem: olhas-me e só tu sabes: na rua onde os nossos olhares se encontram é noite: as pessoas não imaginam: são tão rídiculas as pessoas, tão desprezíveis: as pessoas falam e não imaginam: nós olhamo-nos: fingir que está tudo bem: o sangue a ferver sob a pele igual aos dias antes de tudo, tempestades de medo nos lábios a sorrir: será que vou morrer?, pergunto dentro de mim: será que vou morrer?, olhas-me e só tu sabes: ferros em brasa, fogo, silêncio e chuva que não se pode dizer: amor e morte: fingir que está tudo bem: ter de sorrir: um oceano que nos queima, um incêndio que nos afoga."

José Luís Peixoto

quinta-feira, 9 de novembro de 2006

A tua ausência...


"A tua ausência é, em cada momento, a tua ausência. Não esqueço que os teus lábios existem longe de mim. Aqui há casas vazias. Há cidades desertas. Há lugares.
Mas eu lembro que o tempo é outra coisa, e tenho tanta pena de perder um instante dos teus cabelos.
Aqui não há palavras. Há a tua ausência. Há o medo sem os teus lábios, sem os teus cabelos. Fecho os olhos para te ver e para não chorar."

José Luís Peixoto - A Casa, a Escuridão

Em cada página o teu olhar...


"Em cada página o teu olhar. Em cada montanha, a tua voz. Deixa-me falar contigo. Lembro-me tão bem de tudo o que me disseste. As palavras existem. Eu quero encontrar-te sempre, em cada noite, sobre a mesa de papéis desarrumados, onde desarrumo a nossa vida. Em cada página, os campos. Em cada montanha, tu a chamares-me. As páginas são, outra vez, o dia em que nasci. Lembro-me tão bem de tudo. Passam anos sobre as palavras. Os dias existem. Seguro os livros como se segurasse a tua voz e, quando alguém diz o teu nome, eu continuo a responder."

José Luís Peixoto - A Casa, a Escuridão

sábado, 4 de novembro de 2006

Lotus


"Every night with a clock in her hand she walks on the ruins of the ancient lake.
Every night she waits and hopes that the promise once made will be kept.
Sometimes when walking gently from stone to stone, a cold night breeze whispers in her ear and touches softly her long black hair.
Then she shivers, cold in her madness, when the night wind speaks with his warm voice.
But he never came and never will."
http://mindofka.deviantart.com