Memories of Avalon
Memórias de um lugar perdido no sonho, visão de uma Lua que esconde uma Deusa adormecida...
Acerca de mim
- Nome: Artemísia
- Localização: Alcains, Castelo Branco, Portugal
"A terra, o sol, o vento, o mar são a minha biografia e são o meu rosto."
domingo, 3 de outubro de 2010
quinta-feira, 30 de setembro de 2010
A esperança é uma âncora
"Sabias que o símbolo da esperança é uma âncora?".
Ela nao sabia; jamais ouvira tal coisa. Sorriu:
"Onde descobriste isso?".
Respondia a qualquer pergunta com outra pergunta. Perguntavam-lhe, por exemplo, "Que horas são"? E ela, inquieta, depois de espreitar o relógio:
"Achas que estamos muito atrasados?".
Perguntavam-lhe se tinha gostado do ultimo livro de António Lobo Antunes. Ela pensava um pouco:
"Nao achas que o Prémio Nobel devia ter sido para ele?".
Isso, por vezes, irritava as pessoas. Ninguém gosta de responder a uma pergunta quando está à espera de uma resposta. Ele, no entanto, não se aborreceu. Nunca se aborrecia:
"Diz-me, Tormenta" (dera-lhe esse nome há muito tempo porque a achava bela e perigosa como uma tempestade), "que outra imagem poderia representar melhor a esperança se não uma âncora?".
A aproximação dela parecia transtornar a luz. As árvores e as casas, todos os objectos, se tornavam mais intensos, contra o azul eléctrico do céu, quando aquela mulher estava presente. No dia seguinte, porém, depois que ela se ía embora, ele acordava sempre com a alma em ruínas.
"A gente lança a esperança às aguas revoltas da vida, em meio à tempestade, para não sermos arrastados pelas ondas". Disse-lhe isto sem a olhar, distraído, como se falasse consigo próprio.
"A esperança é por vezes a única coisa que nos sustenta, contra ventos e marés, presos a uma ideia, a um país, a uma mulher. Noutras ocasiões, reconheço, a esperança mantém-nos firmemente amarrados, sim - mas a um erro; abandonando a esperança talvez a tempestade nos levasse até uma praia distante e descobrissemos que, afinal, podiamos viver de novo e ser felizes". Ela não respondeu. Raramente respondia se não lhe colocassem directamente uma questão, e nessa altura respondia com outra pergunta. Já expliquei isto. Era irritante, mas ele nao se irritava nunca. "Diz-me, Tormenta, se nao estou amarrado a um erro quando alimento a esperança de que tu possas mudar?"; no fundo, no fundo lodoso da sua alma em ruínas, ele ja sabia a resposta: "ou então de que eu possa mudar?". Suspirou: "Um de nós vai ter de mudar para que tudo continue na mesma, nao é assim?".
A mulher olhou-o de frente. Um vento frio arrepiou as folhas das casuarinas. O mar, diante deles, estava escuro e tenso, como um grande animal que se preparasse para formar o salto. Ela tinha olhos cinzentos (e nenhuma esperança la dentro). "Ainda gostarias de mim se eu mudasse?".
Ele sabia que não. Quem ama as tempestades nao precisa de âncoras.
Crónica José Eduardo Agualusa
Ela nao sabia; jamais ouvira tal coisa. Sorriu:
"Onde descobriste isso?".
Respondia a qualquer pergunta com outra pergunta. Perguntavam-lhe, por exemplo, "Que horas são"? E ela, inquieta, depois de espreitar o relógio:
"Achas que estamos muito atrasados?".
Perguntavam-lhe se tinha gostado do ultimo livro de António Lobo Antunes. Ela pensava um pouco:
"Nao achas que o Prémio Nobel devia ter sido para ele?".
Isso, por vezes, irritava as pessoas. Ninguém gosta de responder a uma pergunta quando está à espera de uma resposta. Ele, no entanto, não se aborreceu. Nunca se aborrecia:
"Diz-me, Tormenta" (dera-lhe esse nome há muito tempo porque a achava bela e perigosa como uma tempestade), "que outra imagem poderia representar melhor a esperança se não uma âncora?".
A aproximação dela parecia transtornar a luz. As árvores e as casas, todos os objectos, se tornavam mais intensos, contra o azul eléctrico do céu, quando aquela mulher estava presente. No dia seguinte, porém, depois que ela se ía embora, ele acordava sempre com a alma em ruínas.
"A gente lança a esperança às aguas revoltas da vida, em meio à tempestade, para não sermos arrastados pelas ondas". Disse-lhe isto sem a olhar, distraído, como se falasse consigo próprio.
"A esperança é por vezes a única coisa que nos sustenta, contra ventos e marés, presos a uma ideia, a um país, a uma mulher. Noutras ocasiões, reconheço, a esperança mantém-nos firmemente amarrados, sim - mas a um erro; abandonando a esperança talvez a tempestade nos levasse até uma praia distante e descobrissemos que, afinal, podiamos viver de novo e ser felizes". Ela não respondeu. Raramente respondia se não lhe colocassem directamente uma questão, e nessa altura respondia com outra pergunta. Já expliquei isto. Era irritante, mas ele nao se irritava nunca. "Diz-me, Tormenta, se nao estou amarrado a um erro quando alimento a esperança de que tu possas mudar?"; no fundo, no fundo lodoso da sua alma em ruínas, ele ja sabia a resposta: "ou então de que eu possa mudar?". Suspirou: "Um de nós vai ter de mudar para que tudo continue na mesma, nao é assim?".
A mulher olhou-o de frente. Um vento frio arrepiou as folhas das casuarinas. O mar, diante deles, estava escuro e tenso, como um grande animal que se preparasse para formar o salto. Ela tinha olhos cinzentos (e nenhuma esperança la dentro). "Ainda gostarias de mim se eu mudasse?".
Ele sabia que não. Quem ama as tempestades nao precisa de âncoras.
Crónica José Eduardo Agualusa
quarta-feira, 11 de novembro de 2009
sexta-feira, 21 de agosto de 2009
Sons 09 - Janeiro de Cima - Fundão
Nesse fim de semana vou estar no Avante mas se não fosse, decididamente, estaria aqui! :)
Um local paradisíaco e um cartaz excelente.
Programa (sujeito a alterações) Sexta - 4 de Setembro 21h - projecção de filme
22h - contos na barca por Marco Luna
23h - Workshop de danças na Praia Fluvial
24h - Concerto de VENTOS DA LÍRIA (Praia Fluvial)
1.30 - Jam session e Dj Folk (Praia Fluvial) Sábado - 5 de Setembro 9h - Visita e raid fotográfico á Lavaria das minas da Panasqueira
10h - Workshop de cozedura de pão em forno de Lenha
11h - Passeios de carroça de burro (actividade paga)
almoço
14h - Workshop de confecção de linho em teares tradicionais
15.30h - Pimpidu - Workshop de expressão plástica e pinturas faciais para miúdos e graúdos (Praia Fluvial)
17h - Corrida de barcas tradicionais na Praia Fluvial da Lavandeira (inscrição prévia)
18.30h - Workshop de danças tradicionais
jantar
21h - Projecção de filme
22h - Concerto de DEU LA DEU
23h - Contos na barca por Marco Luna
24h - Concerto de FOL&AR
1.30 - Jam session e Dj Folk Domingo - 6 de Setembro 9h - Visita e raid fotográfico
10h - Workshop de construção em Xisto (inicio de construção em xisto de um muro que será construído, lentamente, todos os anos pelos participantes do Festival Sons)
11h - Passeios de carroça de burro (actividade paga)
almoço
14h - (actividade a anunciar)
15.30 - Workshop de artesanato em Fitas de orelos (típicas da região)
17h - Workshop de danças tradicionais
18.30 - Concerto dos CABAZ
jantar
21h - Tertúlia XIS-Tema - Apresentação do Projecto Raiz d'Aldeia e debate aberto sobre actividades de cultura tradicional na Rede de Aldeias do Xisto
22h - Jam session e Dj Folk
terça-feira, 11 de agosto de 2009
segunda-feira, 10 de agosto de 2009
segunda-feira, 3 de agosto de 2009
Banda sonora...
De regresso a casa, depois de uma tarde bem passada na aldeia histórica de Sortelha, comentava eu para o meu companheiro de viagem, como era possível não terem feito ainda um filme com a música do cd que tocava no momento. A música em questão era "Maria and the Violin's String" - Ashram, talvez das músicas mais belas que já ouvi... E eis que o meu amigo, qual realizador inspirado e iluminado criou este filme com uma banda sonora só para mim... :)